sábado, 10 de dezembro de 2011

Coronéis do Holocausto no Sertão

Março de 1914, o governador Felippe Schimidt de Santa Catarina e Carlos Cavalcanti e Afonso Alves de Camargo do Paraná, mediante a idéia revolucionária do Capitão José Vieira da Rosa Araújo, convocam uma reunião com os coronéis provincianos na capital catarinense. Entre os presentes, estavam os coronéis: Francisco Albuquerque, Fabrício Vieira das Neves, Domingos Soares, Manoel Tomáz Vieira, Henrique Rupp, Emiliano e Belizário Ramos. Os chefes de vaqueanos: Salvador Pinheiro, David Padeiro, Virgílio Pereira, Pedro Vieira, Leocádio Pacheco, João Alves de Oliveira, Antônio Camargo, Francisco A. Bueno, João Correia Sobrinho, Nicolau Fernandes e Pedro Leão Carvalho - o famigerado Pedro Ruivo.
O objetivo da reunião era solucionar o problema dos fanáticos na região contestada. Os oficiais e soldados legalistas, não tinham muito conhecimento em táticas militares e combates em mata fechada, terrenos acidentados e da astúcia dos jagunços da irmandade. Pois os redutos dos fanáticos sempre ficavam em terreno de difícil acesso e muito bem escondidos, complicando mais ainda a localização dos mesmos.
Coronel Felippe informa que o estado não tinha recursos financeiros para manter por muito tempo uma expedição militar. Contavam somente com a contribuição generosa de cem contos de réis do grupo Farquhar, esperavam contar também com uma contribuição financeira dos coronéis das províncias. No final da reunião arrecadaram trezentos e cinqüenta contos de réis e os governadores ficam satisfeitos com a volumosa quantia.
O governador Felippe em seguida dirige a palavra aos chefes de piquetes, pedindo que auxiliassem os oficiais militares na procura dos redutos, e que se emprenhassem na caça dos chefes dos fanáticos. Estipula a quantia de dois contos de réis por cabeça de jagunço e vinte contos de réis pela cabeça dos líderes, sendo imediatamente aceito por todos os chefes de piquetes.
Os governadores dispensam os coronéis e os chefes de vaqueanos, pedindo que os coronéis Albuquerque e Fabrício Vieira permanecessem na sala. A partir desse vergonhoso momento histórico, o poder corrupto republicano passa a contabilizar os lucros com essa guerra injusta: a expulsão dos caboclos de suas terras, a venda de pinheiros para a serraria Lumber Company, venda de terras a emigrantes, o derrame de dinheiro falso, a indevida cobrança de impostos pelos dois estados e finalmente discutem sobre a forte pressão jurídica e política, a frente da revolta no contestado na demarcação dos limites entre os estados.
O secretário entra no gabinete, informa que o tenente Coronel José Capitulino Freire Gameiro e o secretário do interior - Capitão Lebon Régis, Capitão Matos Costa e o Capitão Zaluar, tinham chegado para a reunião marcada.
A reunião termina três horas depois, onde ficou acertado que o Coronel Gameiro levaria um contingente de setecentos e setenta soldados. Divididos em duas colunas: A 1o coluna sob o comando do Coronel Gameiro com trezentos e setenta soldados, acamparia próximo ao rio Caçador. A 2o coluna sob o comando do Capitão Matos Costa com trezentos soldados, acamparia próximo vila de Perdiz Grande. O Coronel Felippe os alerta que era uma expedição de reconhecimento e somente deveriam atacá-los mediante suas ordens.
A destruição do reduto de Taquaruçú deixou-os numa situação delicada com os republicanos liberais no Rio de Janeiro e não pretendiam que a imprensa estadual e nacional, os chamasse novamente de coronéis do holocausto no sertão contestado.
O governador informa que o Capitão Lebon Régis e o Capitão Matos Costa deveriam se encontrar com o Deputado Federal, Manoel Correia de Freitas e o Capitão Adalberto de Menezes na intendência de Perdiz Grande. A comitiva se reuniria com os líderes rebeldes, com o objetivo de tentar dispersá-los pacificamente.

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