domingo, 9 de janeiro de 2011

REVOLUÇÃO FARROUPILHA E REPÚBLICA JULIANA

Os ricos fazendeiros e grandes comerciantes locais estão quase falidos, por conseqüência da campanha militar na província Cisplatina, travada entre o império brasileiro e os republicanos da banda oriental. Nesse conflito armado pela posse do poder na província, ambos confiscam gado e charque para alimentar seus soldados, com a promessa de pagar suas dívidas, após a vitória que de fato nunca aconteceu.
Os fazendeiros e comerciantes da província do Rio Grande do Sul recomeçam com o pouco que lhes restou, e enfrentam inúmeras adversidades impostas pelos governos provincianos, parlamentares e pelo imperador D. Pedro I. E passam anos pagando uma dívida contraída com a França e a Inglaterra, devido ao auxílio militar na Guerra Cisplatina.
O regente de D. Pedro II e parlamentares do império impõem altas taxas sobre o charque, sebo, couro exportado e taxas exageradas pelo sal importado. Por causa desse injusto panorama político e econômico, a província lentamente vai se recuperando e começa a fechar com superávit. Os governos não utilizam os recursos para melhorias, enviam um tanto para outras províncias e o restante para pagar suas dívidas com a Inglaterra e a França. Complicando mais a situação que já é tensa. A regência imperial nomeia Presidentes desconhecidos, ou antipáticos ao povo, o que trouxe um clima de revolução republicana.
Setembro de 1835 explode a Revolução Farroupilha, tendo como líderes rebeldes: Coronel Bento Gonçalves da Silva, Coronel Bento Manuel Ribeiro, Coronel Onofre Pires, Coronel Antônio de Souza Neto, Coronel David José Martins Canabarro, Major João Manuel de Lima e Silva, Capitão Domingos Crescêncio, Capitão José Gomes de Vasconcelos Jardim, Conde Tito Livio Zambecari, e os jornalistas Pedro José de Almeida - Pedro Boticário e Libero Badaró. O movimento teve apoio de muitos comandantes da guarda nacional, imprensa liberal, políticos provincianos, Loja Maçônica e proscritos italianos.
Outubro de 1836, as tropas Farroupilhas são derrotadas na Ilha de Fanfa pelas forças imperiais. O General Bento Gonçalves é obrigado a se render ao seu antigo aliado, Coronel Bento Manuel Ribeiro. Os principais líderes dos Farrapos são enviados ao Rio de Janeiro. A revolução continua lentamente à espera do retorno de seu grande líder.
Enquanto isso, a comunidade maçônica planeja a fuga dos líderes no Rio de Janeiro. Eis que surge o herói da liberdade, Giusepp Maria Garibaldi. Ele, Luighi Rossetti e outros proscritos italianos abraçam a revolução, fazendo serviços de corso na costa brasileira.
Garibaldi é feito prisioneiro na província de Entre - Rios. Tenta fugir. É capturado e transferido para Buenos Aires, onde foi posto em liberdade. A tentativa de fuga dos líderes não teve êxito total, permanecendo na prisão o General Bento Gonçalves, Pedro Boticário e Tito Livio Zambecari. Pedro Boticário fica preso no Rio de Janeiro, sendo posto em liberdade tempo depois. Enquanto o general é transferido para uma prisão na Bahia, Tito Livio é transferido para Pernambuco.
Setembro de 1837, o General Bento Gonçalves consegue fugir da prisão na Bahia, tendo a ajuda novamente da comunidade Maçônica. Em dezembro do mesmo ano, ele chega ao Piratini, onde assume a presidência da República Riograndense. A revolução Farroupilha, a partir desse momento, começa a se expandir por toda a província, diante de muitas derrotas e vitórias contra as tropas imperiais.
As tropas republicanas, sob o comando do Coronel Canabarro tomam de assalto a vila de Lages e deixam-na em domínio de simpatizantes. Canabarro segue com suas tropas para Laguna, onde auxiliariam o ataque naval, sob o comando de Garibaldi e Griggs, proclamando assim a República Juliana.
O barco Farroupilha é surpreendido por um temporal e naufraga na foz do rio Mampituba, morrendo vários amigos e companheiros de armas. Griggs no comando do Seival refulgia-se na Barra da Lagoa do Camacho, escapando ileso do temporal. Garibaldi e os sobreviventes, após intermináveis horas nadando rumo ao norte, surpreendem-se ao ver o Seival ancorado, completamente intacto. Somente com o barco Seival enfrentam uns poucos barcos legalistas, auxiliado por terra pelas tropas de Canabarro, fazendo com que a pequena força imperial debandasse para Desterro. A vila de Laguna foi tomada em julho de 1839 e é proclamada a República Juliana.
O bloqueio naval imposto pelo Presidente, General Soares Andréia da província de Santa Catarina, surte o efeito desejado. Os comerciantes e políticos de Laguna e Imaruí rebelam-se contra os ideais republicanos e passam a ajudar os legalistas.
O General Canabarro envia Garibaldi e uma tropa de soldados a Imaruí, visando apaziguar os ânimos dos habitantes rebeldes. Garibaldi ataca a vila de surpresa, sem dar tempo de reagirem. Após terem dominado a vila, os soldados encontram vários barris de vinho, embriagam-se e começam a fazer as maiores atrocidades com os moradores, degolando sem piedade todos os homens e depois estuprando as mulheres e as matavam.
Novembro de 1839, o General Canabarro ordena que suas tropas abandonem a vila de Laguna. Permanecem acampados por alguns dias no Camacho, esperando o restante das tropas. Canabarro ordena ao Coronel Teixeira Nunes que reúna os seus soldados e partir para o planalto serrano. Onde deveria encontrar-se com as tropas dos coronéis Mariano Aranha e José Gomes Portinho, e retomar para a vila de Lages.
Dezembro de 1839, reunidas às tropas republicanas, um total de quinhentos soldados. Garibaldi e Ana Maria de Jesus Ribeiro são surpreendidos nos campos de Santa Vitória pelo brigadeiro Francisco Xavier da Cunha com dois mil soldados. Os republicanos dividem-se em duas colunas, assim enfraquecem o inimigo e os leva a uma armadilha. O brigadeiro engole a isca do Coronel Teixeira e massacra toda a coluna do brigadeiro, que também morre ao atravessar o Rio Pelotas. Os sobreviventes dos legalistas debandam rumo à vila de Curitibanos, onde pretendem aguardar as tropas vindas da província de São Paulo. Anita e Garibaldi passam o natal em Lages, sendo bem recebidos pelos habitantes e o seu tio Antônio.
Janeiro de 1840, o Coronel Teixeira é informado que as tropas do Coronel Antônio de Mello Albuquerque, encontravam-se estacionadas nos arredores da vila de Curitibanos e partem para lá. Dias depois, acampam nos Campos das Forquilhas, proximidades do Rio Marombas. O Coronel Mello, no comando de dois mil soldados, arma uma emboscada para as tropas republicanas. O Coronel Teixeira e Garibaldi é surpreendido pelos legalistas no amanhecer, desencadeando um violento combate, onde morrem quatrocentos e vinte e sete soldados republicanos e quase duzentos soldados legalistas e Ana Maria de Jesus foi feita prisioneira. O Coronel Teixeira, Garibaldi e mais setenta e três sobreviventes fogem para a vila de Lages. Ana pede para procurar o corpo de seu marido, mas não o encontra entre os mortos. Em seguida recebe a ajuda do sargento Padilha e foge em direção ao rio Caveiras, encontrando-se com Garibaldi e Teixeira.
Março de 1840, os republicanos abandonam definitivamente a província de Santa Catarina, retirando-se para Vacaria e encontra-se com as tropas de Canabarro em Setembrina. As batalhas republicanas e legalistas se concentram somente em solo riograndense, à frente de várias vitórias e derrotas. Setembro de 1840 nasce em Mostardas, o filho Menotti do casal Garibaldi. Em Novembro de 1840, o General Bento Gonçalves retira-se com as suas tropas pela Picada do Rio das Antas, enfrentando chuva e o frio intenso na época.
Abril de 1841, Garibaldi pede baixa do exército republicano e decide levar sua família para Montevidéu, onde vários proscritos italianos já estavam à sua espera. Em Julho de 1840, a câmara e o senado decidem antecipar a maioridade de D. Pedro II que tinha quinze anos de idade e assume o trono imperial em Julho de 1841, acabando o regime de regências. Outubro de 1842, D. Pedro II resolve pacificar o Rio Grande do Sul e nomeia Presidente da província Luiz Alves de Lima e Silva, barão de Caxias.
A Revolução Farroupilha aos poucos perde a motivação dos oficiais e soldados republicanos, começando uma seqüência de derrotas. O General Bento Gonçalves discute com o Coronel Onofre Pires, fere-o num duelo solitário às margens do Sarandi e morre após três dias. Meses depois, o General Bento pede dispensa por se encontrar enfermo e devido ser o causador da morte do Coronel Onofre, acaba morrendo em sua fazenda em 1847. O General Canabarro decide chegar a um acordo com o barão de Caxias, diante de todos os seus oficiais assina o Tratado de Ponche Verde, em Fevereiro de 1845. Termina assim a Revolução e os legalistas anistiam todos os soldados republicanos e garantem também os cargos de seus oficiais. O resultado desta batalha resulta na perda de mil e duzentos soldados legalistas e dois mil e quatrocentos soldados republicanos.

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