quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

PREFÁCIO



A nova montagem histórica do “Holocausto no Sertão” relata inúmeros fatos ocorridos no decorrer da Revolução Farroupilha no período de setembro de 1835 até janeiro de 1923, com a morte de Adeodato Manoel Ramos, parte foi baseado nos esboços dos livros: “Heróis da Liberdade, “Guerra do Século”, “Revolta dos Excluídos” e no romance “Guerreiros do Sertão” do próprio autor. De maneira simples e objetiva, vamos mostrar a mais completa análise da história para que as pessoas humildes de pensamento possam compreender e conhecer os fatos, e com isso, levar qualquer um dos leitores a tirar conclusões conforme sua visão pessoal.
A minha real intenção, não é colocar uma máscara de vilão em ninguém, ou denegrir a imagem de quem quer que seja. Muitas falhas hereges foram cometidas no decorrer dos acontecimentos históricos. Como o fanatismo religioso, o mito milenar do final dos tempos, a ausência da Igreja Católica no sertão e a constante presença de monges. Curandeiros e experientes alquimistas da ciência oculta e natural são umas das principais causas que levou o humilde caboclo do sertão contestado, a se rebelar contra o regime republicano injusto.
O poder completamente ignorante e desumano dos coronéis provincianos impôs à classe social menos favorecida, sobreviver na mais completa miséria. E para complicar mais a situação, ambiciosos coronéis contratavam inúmeros piquetes de vaqueanos para expulsar os caboclos de suas terras, após entregavam ao grupo por um preço quase insignificante.
Os grandes fazendeiros, agricultores, comerciantes, industriais, Loja Maçônica, parlamentares, marechais e membros da alta sociedade estavam decepcionados por continuar ainda longe do poder imperial, e por não terem nascido com o sangue nobre e imperial. E na calada da noite, forças ocultas derrubaram o império brasileiro. Constrói assim, um regime republicano que levaria os humildes a mais completa miséria e a incontáveis injustiças.
A mais nova nação republicana na época, os Estados Unidos da América, decide espalhar ao restante do continente americano o seu regime protecionista e capitalista. À frente do descontentamento da elite, geralmente contra o regime imperialista, decide patrocinar financeiramente o golpe de estado, contanto que fossem recompensados futuramente. Quando o governo republicano assume o poder, os empresários americanos aparecem para cobrar a dívida. O país que já se encontrava à beira da falência, a partir desse momento, passa a ser uma sucata ambulante, jogando sua população na miséria.
A construção da ferrovia, corte de árvores nobres e sua exportação, e por fim, a emigração da área de concessão do grupo Farquhar, lugar onde há muitos séculos moravam caboclos, foi outro principal fato que acende o estopim da “Guerra do Século”.
No contrato do grupo Farquhar com o governo republicano, constava que era obrigação do governo fornecer a mão-de-obra bruta. Naquela época não existia mais mão-de-obra escrava, por ter sido sancionada pela lei áurea, concedendo a libertação a todos os escravos pela princesa Isabel, o que acabou levando à falência, diversos senhores de engenhos, pois, a partir desse instante, teriam de pagar por seus serviços. Resta somente ao governo republicano, fazer um acordo com milhares de prisioneiros, marginalizados pela sociedade. Com a conclusão da ferrovia, deixam os empregados - escravos jogados à própria sorte, numa terra estranha e desconhecida.
A ignorância dos governadores do Paraná e Santa Catarina, não chegando a nenhum acordo na demarcação da divisa dos dois estados. Surgindo assim, a injusta cobrança de impostos de ambos os estados, deixando a região do contestado se transformar numa terra de ninguém.
Os sertanejos sobreviviam na mais completa miséria e o poder da república ainda lhes tiravam o pouco que possuíam por herança, levando o ser humano mais paciente ao desespero, ou à loucura. Agravando mais a situação, já um tanto crítica, os coronéis provincianos julgam-se como Deuses do sertão, ditando quem morreria e quem viveria.
Após a expolanação destes fatos pergunto-lhes: O que vocês fariam no lugar deles? Suicidar-se-iam? Sobreviveria na mais completa miséria? Ou se rebelariam contra o regime republicano? Sinceramente, não estou tentando mostrar que os caboclos fanatizados estavam inteiramente justos e corretos com os acontecimentos, mas provar que eles foram induzidos a pecar no decorrer dos acontecimentos, por não terem uma perspectiva melhor de vida, pois ninguém tinha lhes oferecido pelo menos um raio de esperança, e muitas vezes, sequer uma palavra amiga dos poderes provincianos e republicanos.

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