Chegam ao porto da cidade de Santos em São Paulo, milhares de dormentes de ferro, dez locomotivas a vapor, diversas unidades de vagões de trem, máquinas para serraria movidas a vapor, serras manuais e guindastes de alto porte movidos a vapor e muitos outros equipamentos para a montagem de serrarias e para construção de ferrovias.
Dezembro de 1889 começa chegar os primeiros empregados administrativos do grupo Farquhar e toda a mão-de-obra que o governo se comprometeu na concessão. São prisioneiros políticos que viviam à margem da lei, índios, mestiços, ex-escravos marginalizados pelos coronéis e jagunços do norte e nordeste do país.
Janeiro de 1890 começa a construção da ferrovia na cidade de Santos - antiga Serra do Mar, ou Serra dos Emigrantes, cortando o centro da mata atlântica paulista em direção ao estado do Paraná e sul do país. No trecho de São Paulo e até boa parte do Paraná não houve problemas graves nas desapropriações de terras, somente após entrar na área contestada, que geraria os focos da revolta e implodiria a “Guerra do Século”.
O grupo Farquhar, mantém a mão-de-obra braçal sob vigilância de pistoleiros vindos dos Estados Unidos e piquetes de vaqueanos do sertão brasileiro, custeados a peso de ouro. Qualquer tentativa de fuga era sumariamente fuzilado, sem nenhum julgamento formal. Os prisioneiros recebiam um mísero bônus em réis por mês e ao final da construção a sua imediata liberdade.
Diante desse oculto regime de escravidão, legalizado pelo governo republicano, surgem inúmeras revoltas na construção da ferrovia, chefiados por diversos líderes nordestinos, onde os pistoleiros e vaqueanos assalariados pelo grupo Farquhar, matam ou prendem os líderes e sufocam os ânimos da revolta.
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