Dezembro de 1892 chegava à vila de Lages, no lombo de mulas, vindo de Teresópolis - Rio de Janeiro, os futuros apóstolos do sertão, Frei Rogério Neuhaus e Frei Amando Bahlmann. Em decorrência da fama e da quantidade de pessoas que procuravam o monge, a igreja católica sente-se ameaçada, pois existia a grande possibilidade da perda de fiéis. O apóstolo Frei Rogério procura o monge, visando convencê-lo a passar para o lado da santa igreja. Conforme as informações de populares, ele foi encontrado nas proximidades da casa de dona Vuca.
Frei Rogério interroga curioso João Maria sobre sua real história e este relata que nasceu no mar e criou-se nas ruas de Buenos Aires. E em certa noite do mês de dezembro de 1881, teve um sonho, onde apareceu um profeta de Deus e o ordenou a peregrinar pelo sertão por quatorze anos, benzendo os aflitos, receitando remédios naturais aos enfermos, tranqüilizando os desesperados, evangelizando e preparando as pessoas para o final dos tempos. Não deveria comer carne nas quartas, sextas-feiras e sábados, e menos posar na casa de alguém.
O Frei continua o interrogatório com diplomacia, não querendo que seus planos desmoronassem devido a um simples deslize em suas palavras. Pergunta o que tanto ensinava aos féis e o monge responde que ensinava tudo o que estava na bíblia e preparava as pessoas para o final dos tempos, pregava penitência, curava os enfermos com ervas, profetizava calamidades e batizava as crianças para deixarem de ser pagãs. O Frei contra-ataca perguntando se ele sabia de onde vinham todos aqueles castigos? E João Maria responde tranqüilamente que somente ensinava ou profetizava o que estava escrito na bíblia sagrada.
A partir desse instante se inicia o impasse entre os líderes religiosos. Frei Rogério não aceitava as respostas e João Maria permanecia convicto em suas palavras. O clima tenso povoou os arredores da casa de dona Vuca. O santo padre vê a multidão rodear o monge e fica contrariado diante de seus ataques verbais, julga melhor convidá-lo para assistir a sua missa. Ele responde que só se o Frei esperasse até ao meio dia, pois tinha de despachar o povo porque tinham vindo à procura de remédios e de suas previsões.
Indignado com a resposta do monge, o santo padre informa que não poderia esperar até ao meio-dia, pede para que o leve à santa missa na vila de Curitibanos. Ele e a multidão de fiéis assistem à missa do santo padre. E após isso, o monge prossegue aos atendimentos, apesar de ser um ato de sacrilégio religioso e veemente condenado pela igreja.
O santo padre, vendo a força espiritual dos monges entre os sertanejos decide peregrinar numa mula pelo sertão do contestado, carregando consigo uma pequena farmácia homeopática portátil, evangelizando e revelando as muitas profecias da bíblia sagrada.
O monge Atanás Marcaff permanece no santuário por quase um mês fazendo o seu trabalho espiritual místico. Depois disso, se despede da multidão de fiéis e segue com destino ao morro de Taió, onde vive com os Índios Kaigang, até a sua morte anos mais tarde, devido ter contraído uma forte pneumonia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário