quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Explode no Rio Grande do Sul a Revolução Federalista

Fevereiro de 1893 explode no Rio Grande do Sul a Revolução Federalista, abrangendo também os estados de Santa Catarina e o Paraná. O objetivo dos Federalistas era libertar o estado gaúcho do sistema opressor de Júlio Prates de Castilhos. A princípio era somente uma divergência centralizada, mas lentamente ganha força, adere a esse idealismo muitos caudilhos e militares, tornando insustentável a situação do poder estadual.
A Revolução ocorre de início com a concentração de tropas na vila de Carpintaria, divisa do estado gaúcho com o Uruguai, sob o comando de João Nunes da Silva Tavares, Barão de Itaqui. Seguindo no potreiro de Ana Correia, onde se encontra o Coronel Federalista - Gumercindo Saraiva.
Os maragatos, como eram conhecidos os Federalistas, exigem a deposição de Júlio de Castilhos, eleito pelo voto direto. Eles reivindicam um plebiscito, dando a liberdade de escolha para a nova forma de governo.
Devido à forma idealista do movimento, os rebeldes ganham milhares de simpatizantes no panorama nacional, criando um clima de instabilidade no atual governo gaúcho, inclusive o governo republicano de Marechal Floriano Peixoto no Rio de Janeiro.
E Floriano vendo a realidade do movimento e temendo propagar-se para outros estados da República, decidiu enviar tropas federais até a região do conflito, sob o comando do General Hipólito Ribeiro e do Coronel Antônio Moreira César. O General divide a tropa em três grupos legalistas, a do norte, da capital e do centro, também convocando a polícia estadual.
A primeira derrota dos maragatos ocorreu em maio de 1893, próximo ao Arroio Inhanduí - Alegrete. Esse combate eternizou-se no tempo, devido à participação do Senador José Gomes Pinheiro Machado ao lado dos legalistas.
O Coronel Moreira César, teve diversos confrontos com as tropas maragatas do Coronel Gumercindo Saraiva: a abnegação de Gomes Carneiro, a sangrenta batalha de Inhanduí, chacina de Campo Osório, cerco memorável da Lapa, Barrocas do Pico do Diabo e platonismo marcial de Itararé. Na visão dos senhores da guerra, Moreira César tinha um explosivo tempero, coragem e crueldade, não pensava muito para matar qualquer prisioneiro.
O fato de levar uma situação ao extremo rende-lhe três promoções em dois anos. O Coronel ordena a execução sumária de vários prisioneiros maragatos, sem ao menos respeitar o sagrado direito dos prisioneiros de guerra. O impiedoso Coronel constrói um mundo psicótico e violento, que seria consumido anos mais tarde, na violenta Guerra de Canudos, no sertão Baiano.
No mesmo ano, os Almirantes: Custódio José de Melo e Saldanha da Gama no comando de vários oficiais, marinheiros rebelam-se contra o Presidente Floriano Peixoto e ameaçam detonar os canhões de seus navios contra o Rio de Janeiro, se ele e os parlamentares não convocassem eleições presidenciais democráticas, saindo assim, o poder do eixo Rio/São Paulo/Minas Gerais. Entre os oficiais revoltosos, estava o engenheiro militar Euclides da Cunha e Rui Barbosa. Enquanto Saldanha da Gama prossegue o bloqueio aos navios no Rio de Janeiro. Custódio de Melo operava nas costas meridionais. Decidiu tomar Desterro e Curitiba, onde instalaria um governo provisório, que possibilitaria ajudar os líderes revolucionários Federalistas.
A Revolução perdura todo o ano de 1893, alargando-se para os anos de 1894 e terminando em julho de 1895, vencidos pelos legalistas – Pica-Paus, seguidores de Júlio de Castilhos e do novo Presidente Prudente de Morais que dá inicio a famosa e imoral República do “Café com Leite”. Nos três anos de conflito, houve mais de dez mil mortes e milhares de feridos de ambos os lados, além de deixar a economia gaúcha numa situação crítica e insustentável. Diante da permanência do panorama político, meses depois Custódio de Melo foge e é preso na Argentina, repatriado e encarcerado na Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro, por um longo tempo, enquanto que Saldanha da Gama foge para Portugal.
Como conseqüência da derrota, muitos maragatos são obrigados a emigrar para os estados de Santa Catarina e Paraná, visando fugir das perseguições dos Castilhistas ou pica-paus. Os maragatos assumem papel de destaque nas vilas de emigração, devido à coragem e experiência militar na Revolução Federalista.

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