domingo, 11 de março de 2012

Fuga da Cidade Santa do Caraguatá

Abril de 1914, o líder interino, Elias de Moraes, passa uns papéis com ordens a seu lugar - Tenente Venuto, que tinha retornado recentemente da região norte do contestado, determinando a imposição de respeito no reduto e o uso a força caso fosse necessário. Os que não tivessem trabalhando teriam de se entregar às orações, sendo proibido fumar ou beber no reduto e se necessário se poderia dar uma refresca. Os homens deveriam estar com as montarias, cavalos, apetrechos e suas armas em prontidão a qualquer eventualidade de combate e o não cumprimento poderia levá-los ao fuzilamento.
O tropeiro Adeodato chega a Caraguatá, traz consigo, o emigrante alemão acaboclado Conrado Glober, informando a Elias e Venuto, ser um excelente atirador e imitava o assobio de qualquer pássaro do sertão, um simpatizante da causa, sendo imediatamente nomeado para os pares de França.
Os quatros se encontram com Euzébio, líder religioso, que estava reunido com os demais membros numa farta mesa com churrasco de carne de boi, carne de porco, feijão, quirera de milho, mandioca, pinhão, pão e bolo de coalhada. Todos acompanham a prece de Euzébio e logo devoram o banquete, sobrando somente às migalhas aos cachorros. Seguindo a tradição de submissão aos homens, as mulheres comiam com as crianças. O líder interino dos cavaleiros de França, sentado numa ponta da mesa e o líder religioso na outra. Após o banquete, Elias manda os cavaleiros de França vigiar os arredores do reduto. Os piquetes de vaqueanos, sob as ordens de Cirino e seu filho Benedito, percorrem as estradas assuntando qualquer movimento suspeito. O restante do grupo é dividido, uns continuam os seus afazeres, outros vão para o ciclo de orações, enquanto as mulheres e os velhos cuidam das crianças.
Em conseqüência da quantidade de pessoas em Caraguatá, inicia-se uma epidemia mortal de febre tifóide, devido à falta de higiene entre os membros da irmandade de São Sebastião. Morria diariamente diversas pessoas que eram imediatamente enterradas, assim evitar que epidemia se alastrasse aos outros desatentos em sua higiene pessoal.
Passado alguns dias, Elias convoca uma reunião com todos os líderes, com o objetivo de decidir se enfrentaria outro confronto com as tropas do Hermes, ou abandonariam o Caraguatá e emigrariam para outros redutos. O reduto do Caraguatá encontrava-se superlotado, sendo necessário distribuir as famílias para novos redutos, só assim, poderia conter a mortal epidemia da febre de tifo.
A líder guerreira, Maria Rosa, resolve partir com os seus seguidores, próximo ao rio das Pedras Brancas. Os demais líderes decidem emigrar para as proximidades do Vale do Rio do Peixe, Rios Iguaçu, Negro, Pelotas, Caçador, Timbó, Canoas e Vale de Santa Maria.
Os espiões, Antônio Tavares e Alemãozinho chegam ao reduto, apresentam-se a Elias e a outros líderes, sendo muito bem recebidos e aceitos na irmandade de São Sebastião. O líder interino determina aos líderes levarem os seus seguidores conforme o planejado, decidindo acompanhar Maria Rosa até Pedras Brancas.
Venuto e os pares de França seguem à frente, assim evitando qualquer surpresa desagradável pelo caminho, sendo seguidos de perto por Elias, Maria Rosa e os outros líderes, em seguida vinha o restante da irmandade que percorria à pé, acompanhados pelos piquetes de vaqueanos. As marcas do destino no sertão contestado estavam traçadas, nada mais poderia evitar o inevitável.

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