terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Vitória dos Guerreiros Santos do Caraguatá

Março de 1914, a coluna do Coronel Gameiro acampa no rio Caçador, após três dias de caminhada forçada na mata. Os soldados se encontravam visivelmente nervosos em conseqüência da aproximação do confronto com os rebeldes.
No dia anterior, Chico Alonso decide seguir à distância a comitiva de paz até Perdiz Grande e aproxima-se cautelosamente em direção do acampamento improvisado. Ao chegar à barraca de comando, escuta atentamente o plano de ataque ao reduto de Caraguatá. Chico Alonso recua com cautela, retorna ao reduto e avisa o comandante Elias dos planos das tropas legalistas.
O líder do piquete da irmandade de São Sebastião, Benedito Pedro de Oliveira (Benedito Chato), atacava na mata ao sul das tropas no rio Caçador enquanto Joaquim Germano com outro grupo atacava outro ao norte. Os dois piquetes de vaqueanos gritam ensandecidos: - Viva São João Maria! Viva São Sebastião! Morte aos infiéis!
Coronel Gameiro e os seus soldados são surpreendidos pelo repentino ataque dos rebeldes, tendo diversas perdas até que se recompôs e imediatamente o Coronel ordena para todos recuarem e em seguida contra-atacarem o inimigo.
Os dois líderes dos fanáticos usam a famosa tática de guerrilha em mata fechada, enquanto um atacava, outro grupo recuava, assim levando os legalistas a uma armadilha mortal. O plano dos líderes era levá-los até próximo das trincheiras, onde pretendiam pegá-los num fogo cruzado.
Capitão Zaluar ordena aos atiradores assentar os canhões, mas são abatidos pelos disparos certeiros dos fanáticos. Coronel Gameiro vendo que podiam suportar muito tempo o confronto com os rebeldes, manda dividirem-se em duas colunas e recuarem, uma protegendo a retaguarda da outra. Apesar de usarem a tática militar padrão consegue recuar, mas foi à custa de diversos soldados mortos e feridos.
Ao sudoeste no Arroio da Canhada Funda, a coluna do Capitão Matos Costa, tinha dado de frente com Venuto e os pares de França, onde estavam enfrentando um violento ataque. O líder fanático usa a mesma tática, enquanto um grupo atacava o outro recuava, assim levando os legalistas a uma armadilha mortal.
Nesse instante, Elias no comando de cento e cinqüenta guerreiros iniciam o ataque frontal, armados de facões de aço e madeira, porretes com pregos nas pontas. Venuto divide os pares de França, um ao sul e outro ao norte, pegando-os num fogo cruzado. Os gritos ensandecidos dos fanáticos se misturavam com os disparos, criando um clima apavorante aos inexperientes soldados legalistas.
Capitão Matos Costa vendo que estavam numa situação desfavorável, ordena a retirada, do contrário seriam dizimados pelos fanáticos. Capitão Lebon Régis manda recolher os soldados mortos e feridos, enquanto os outros protegiam a retaguarda na retirada.
Distantes da área de risco, as duas tropas escutam inúmeras salvas de tiros em direção ao Caraguatá que com certeza estavam festejando a vitória contra os soldados legalistas. As duas colunas, sob o comando do Coronel Gameiro e o Capitão Matos Costa, chegam à vila de Perdiz Grande, carregando vinte e oito mortos - um Capitão, um Tenente, dois Sargentos e vinte e quatro soldados, além dos vinte e um soldados feridos.
Enquanto isso no reduto de Caraguatá, após enterrar os trinta e sete guerreiros mortos e medicar os quarenta feridos, os membros da irmandade festejavam a vitória contra as tropas do maldito Hermes.
As poderosas forças do capitalismo selvagem e do regime republicano, a partir desse momento histórico, incendiariam o fogo herege contra os humildes caboclos do sertão, que somente sonhavam com um pedaço de terra, paz e uma vida decente, onde pudessem terminar de criar os seus filhos, os netos e toda a sua geração vindoura.

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