quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Destruição do Arraial do Taquaruçú

Fevereiros de 1914, os líderes Euzébio e Venuto, sabendo que poderiam ser atacados pelas tropas legalistas, formam dois piquetes de vaqueanos sob o comando de Cirino e Joaquim Germano, com o objetivo de vigiar os arredores do reduto contra um possível ataque surpresa, também para dar o primeiro contra-ataque aos invasores, enquanto que os pares de França sob o comando de Venuto mantêm uma disciplina rígida no interior do reduto.
A irmandade conta com quatrocentas famílias, e diariamente chegava mais famílias aderindo à irmandade. Taquaruçú era composta por quinhentos pequenos barracos e uma igreja em homenagem a São Sebastião. Venuto ordena a seus guerreiros cavar trincheiras a trezentos metros à frente, onde dariam combate frontal com as tropas legalista.
O dia amanhece com uma neblina baixa que cobria os morros, as matas e os campos de Taquaruçú. Nesse momento chega ao barraco de Euzébio um vaqueano, trazendo o ex-Capitão da guarda nacional, Aleixo Gonçalves de Lima, o irmão Ignácio, parente e amigos. O líder chama Chico Ventura e pede para levar o Capitão e a sua comitiva para Caraguatá, porque o reduto de Taquaruçú não suportava mais pessoas.
Mais tarde, Cirino traz consigo o tropeiro Francisco Alonso de Souza - Chico Alonso, acompanhado pela mulher, filhos, parentes e amigos. Euzébio dessa vez pede para Maria Rosa levá-los para o Caraguatá.
Ao final da tarde, Benedito adentra com seu cavalo a galope desenfreado no acampamento, informando que as tropas do maldito Hermes estavam nas proximidades de Taquaruçú. Rapidamente Venuto organiza a defesa, orientado por Manoel Teixeira. Ele com os pares de França atacariam ao sul, sempre se escondendo entre os pinheiros e a mata. Cirino e Joaquim atacariam ao norte, procurando ficar bem protegidos do fogo inimigo. Benedito com os seus vaqueanos ficariam nas trincheiras e dariam combate frontal aos inimigos. Chica Pelega ficaria com as suas guerreiras no centro do reduto, dando proteção a Euzébio, aos velhos, às mulheres e às crianças.
Venuto alerta Euzébio, se estivessem em situação desfavorável era para levá-los para o Caraguatá. Convoca Chica e as suas guerreiras para fazer a proteção da comitiva de foragidos. Eles dariam confronto até o limite, após seguiriam também para o novo reduto.
Coronel Dinarte decide levantar acampamento na fazenda Espinilho, reúne os seus oficiais, onde esclarece o plano de ataque. A partir daquele momento se dividiriam em três colunas: A 1ª com cento e cinqüenta soldados, três cargueiros de munição e um vaqueano do Coronel Albuquerque, sob o comando do Capitão Adalberto, atacaria ao norte do reduto. A 2ª também com cento e cinqüenta soldados, três cargueiros de munição e outro vaqueano, sob o comando do Capitão Matos Costa atacaria ao sul do reduto. A 3ª sob o seu comando com trezentos e cinqüenta soldados, dois vaqueanos, dez cargueiros com munição, metralhadoras e artilharia de montanha atacariam ao leste do reduto. O Capitão Lebon Régis e quinze soldados ficariam encarregados de assentar as metralhadoras e a artilharia pesada num local elevado. Enquanto o desembargador Sálvio no comando de trinta soldados improvisaria três barracas de emergência, visando atender os soldados e cuidar dos cargueiros restantes.
O Coronel alerta os oficiais que informassem a seus soldados não entrar em confronto de corpo a corpo com os rebeldes, porque os seus facões eram eficientes e mortais. Assim como eles estavam ali para restabelecer a ordem no sertão, os rebeldes tinham sido fanatizados por visionários e estavam prontos pra morrer por tudo o que acreditavam.
As três colunas entram em confronto direto com os piquetes de vaqueanos e os pares de França, obrigando-os a recuar a uma posição mais favorável. Diante de várias perdas, Capitão Lebon Régis e os soldados conseguem assentar as metralhadoras e as peças de artilharia pesada, aguardam somente a ordem do Coronel Dinarte.
E naquela madrugada chuvosa, Coronel Dinarte ordena o fogo incessante da artilharia. No ataque os pequenos barracos explodem corpos de homens, mulheres, crianças e velhos se esfacelam em pedaços, gritos apavorantes são abafados pelas explosões constantes. Esse foi o panorama por quatro dias e quatro noites. Em decorrência de tantos bombardeios, Venuto reúne os pares de França e o restante dos homens que sobreviveram e fogem sorrateiros à noite pelo matagal adentro e se reunindo mais à frente, ordenando para todos irem ao reduto de Caraguatá, que ele e os pares de França dariam cobertura.
No 5o dia de manhã, Coronel Dinarte cerca o reduto e dá ordens para avançar e quando adentram só tinha destruição, inúmeros corpos de mulheres, crianças e velhos esfacelados por todos os lados, um total de quase cem corpos. As tropas ao dominarem o reduto gritam de euforia e dão diversas salva de tiros.
Coronel Dinarte ordena para juntar grimpas e queimar os corpos. A tropa distante olha o fogaréu consumindo por completo os corpos. Coronel Dinarte estava visivelmente contrariado com o genocídio Jagunço, mas tinha de cumprir ordens superiores com o risco de insubordinação, ordena então, a sua tropa a retornar à vila de Curitibanos.
As tropas legalistas desaparecem na mata adentro, deixando atrás um quadro de destruição. A partir daquele momento, todos julgam que tinha terminado o levante dos rebeldes fanatizados no contestado. Sequer imaginavam que estava somente começando e muitas perdas inúteis viriam de ambos os lados. A sede de vingança povoaria diariamente o sertão, revolvendo de seus gabinetes os senhores do poder republicano.

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